Corrico de Fundo com Downrigger

Texto: José Luis Costa
Fotos: Autor e Arquivo


O corrico de fundo a par com o jigging é uma das técnicas que se tem vindo a revelar cada vez mais como uma técnica com boas capturas. Não são muitos os pescadores que se atrevem a equipar o seu barco e experimentar esta variante de corrico. Grandes Predadores são as espécies alvo e as mais apetecidas.

A técnica do corrico de fundo com downrigger é altamente produtiva, sobre todo para tentar capturar grandes predadores. A sua técnica trata-se de podermos fazer com que as nossas amostras ou isca viva possam trabalhar perto do fundo marinho, onde habitam os nossos ambicionados “amigos”. Peixes que em raras ocasiões sobem à superfície para atacar os nossos anzóis. Uma das diferenças básicas entre o corrico de fundo em relação ao tradicional é que não esperamos que o peixe venha procurar o nosso anzol, mas sim que, somos nós a ir procurá-los. Reduzindo em poucas palavras, é uma técnica que consiste em saber colocar as nossas amostras ou isco vivo na profundidade desejada mediante uma chumbada pesada (Cannonball). Graças à utilização de um “downrigger” ou profundizador podemos usar pesos maiores lastrando directamente a nossa linha, o mesmo permite fazer chegar ao fundo a chumbada (Cannonball) com uma linha independente para as nossas amostras, estas irão ser unidas à chumbada mediante uma pinça ou clip de pressão por forma a que no momento da ferrada a pinça solte a linha da isca e tenhamos um combate completamente limpo e directo com o peixe, sem chumbadas pelo meio da nossa linha de pesca, o que por muitas vezes faz com que exista rupturas e falta de sensibilidade.

O que é um downrigger?

Conhecido por este nome na América, chama-se “profundizador” no nosso País. Os “downriggers” são compostos por três elementos principais, o peso, o cabo e o carreto. A linha de pesca é unida ao cabo do “downrigger” através de uma “linha libertadora” que na ponta tem uma pinça ou clip de pressão. O peso é normalmente uma massa de chumbo que é ligada ao cabo de aço inoxidável e é trazido para cima com uma manivela manual ou através de um motor eléctrico. Trate-se de um utensílio mecânico muito útil e que pode ser eléctrico ou manual, dele sai uma haste rígida que suspende um Cannonball (peso grande) por um cabo de aço (geralmente aço inoxidável) e que nos permite recolher e largar na popa do nosso barco o cannonball, nada mais. Todo este conjunto estará fixada de forma forte e segura, pois as tensões podem ser muitas altas com um enroncamento do peso, é também indispensável ter um conta metros, que nos permitirá saber em qualquer momento a quantidade de cabo e a profundidade a que estamos a pescar com as nossas iscas.

Vantagens de pescar com downriggers

As vantagens de pescar com downrigger em vez dos métodos tradicionais são muitas, do ponto de vista desportivo, o contacto com o peixe é muito mais directo e limpo, ao não haver qualquer obstáculo entre o pescador e o peixe; pelo contrário, com os métodos tradicionais temos sempre pelo meio da nossa linha de pesca a chumbada, que nos diminui a sensibilidade e muitas vezes nos faz perder o peixe. Também permite afundar as amostras ou isca viva mais rapidamente por causa do maior peso do nosso cannonball e com uma maior precisão, já que graças ao conta metros podemos saber com mais ou menos exactidão a profundidade a que os nossos “iscos” estão pescar e retificá-la rapidamente se for necessário, feito impensável com uma chumbada tradicional.

Tabela para o calculo da profundidade do corrico

Agora já só temos que fazer uma tabela com os metros a largar para uma determinada profundidade. Podemos calcular com intervalos de dois metros e com velocidades diferentes; o ideal é fazermos umas boas tabelas que nos sirvam durante muito tempo para pescarmos bem e seguros.

Material necessário e instalação

Para poder praticar esta técnica há que adquirir materiais específicos; Devemos ter uma cana de corrico com um bom carreto de tambor ou fixo, isto é claro, tudo depende do tamanho das espécies que procuramos, também devemos possuir um bom sortido de amostras e linhas para fazer as baixadas, penso que este material está presente em todas as embarcações de pesca. Apesar disto, temos que ter um downrigger (profundizador), um par de cannonball com pesos diferentes (normalmente entre os 3-6 kg), tanto para mudar conforme a profundidade ou corrente assim como se perdermos um, e umas quantas pinças. A linha do downrigger deve  ser em cabo de aço inoxidável com uma resistência entre os 50 e 100 kg e o fino possível. Com diâmetro elevado, a fricção da água cria uma curva e temos que largar mais metros de cabo para uma profundidade igual. A instalação do profundizador é relativamente fácil e a mesma pode ser feita por você mesmo, só tem que ter em conta alguns detalhes importantes; em primeiro lugar, eleger um ponto do barco que seja forte, pois perante um enroncamento os esforços que sofre podem ser grandes. Também, este ponto deve estar na zona da popa de modo a que a linha não roce no casco do barco e que caia na vertical, isto é, a linha deve de sair livre pela popa. Para colocar a base do profundizador no barco devemos fazer um bom suporte. O ideal é fazer uns furos e apertar o suporte na borda, reforçando por baixo com uma chapa de inox que repartirá os esforços. Não coloquem só os parafusos com as suas porcas, pois em caso de muito esforço pode-se partir numa zona muito reduzida e romper a fibra da embarcação.

Amostras ou Isco Vivo?

Por ser mais fácil e cômodo, optamos por os artificiais, pois são fáceis de adquirir e muitas vezes é só ir à nossa caixa e lá estão elas… lindas e prontas a usar, evitamos assim perder muito tempo sobre as iscas vivas, e a grande variedade de tamanhos e cores existentes no mercado abrem todo um mundo de opções. Quanto ao tamanho, este dependerá das espécies que procuramos, mas tendemos sempre inclinarmos para umas amostras crescidas para evitar as picadas de espécies indesejadas com cavalas, serranos etc. Normalmente usamos amostras entre os 10 e 15 cm e a acção das mesmas deve de ser lenta entre os 2 e 5 nós. É muito útil colocar um excitador para esta pesca, que é tão simples como colocar quatro ou cinco “colheres” ondulantes sem anzóis que simulam um pequeno cardume de peixes e que graças aos seus movimentos chamam a atenção aos predadores. Pescar com isca viva é muito mais complicado, já que muitas vezes é difícil de conseguir apanhá-la, manter viva e fazer com que nada em boas condições; No entanto, para algumas espécies, especialmente falando sobre os predadores grandes e experientes, os resultados que podem ser obtidos com isca natural, de preferência viva, não têm nada a ver com o artificial. As iscas naturais por excelência são os cefalópodes, especialmente as lulas e os chocos, junto com outros pequenos peixes como as cavalas, carapaus…

Profundidade e Velocidade

Outro tema importante é onde vamos fazer trabalhar a amostra e a que velocidade. Antes de decidir a profundidade a que devemos baixar o cannonball, devemos analisar a profundidade de natação da própria. Se utilizarmos amostras que afundem 3m soltamos menos cabo do que se forem outras que só afundam 20 ou 30 cm. As nossas amostras devem de fazer passagens por cima dos peixes, especialmente os Pargos aguardam bastante junto ao fundo, observando o que se passa por cima das suas cabeças. Não é necessário que as nossas iscas passem a roçar o fundo, pois os peixes também não comem agarrados a ele, além de que teremos mais possibilidades de encher os nossos anzóis com algas ou enganchar nalgum pedaço de rede ou cabo perdido. O ideal é passear as amostras a uns 2 a 4 metros do fundo se andamos à procura de Pargos; exemplo: se a isca baixa por si só 2 metros, largamos cabo suficiente para que o cannonball navegue a 4 – 6 metros do fundo. No caso de procurar Robalos ou Anchovas, podemos pescar um pouco mais acima do fundo, chegando inclusivo à meia água devido a estas espécies não andarem tão agarradas ao fundo como os Pargos. A velocidade de pesca deve ser baixa, entre os 2 – 3 nós, e inferior se pescamos com iscas vivas, situação em que se chega a navegar abaixo dos 2 nós. Não é recomendado corricar rápido porque o conjunto, tanto o cabo como o próprio cannonball fazem muita fricção na água e esta faz com que levante do fundo, assim se pescamos mais rápido deveremos deixar muitos mais metros que o habitual, também, estamos falando de pescar com amostras de acção lenta, as quais para trabalhar bem necessitam de velocidades de esta ordem.

Tipos de pinças

A pinça que utilizamos depende se vamos pescar com isca viva ou amostras. No primeiro caso utilizamos pinças “clássicas”, são pinças que seguram a linha por meio de pressão, de modo a que esta aguente a isca e permite soltar uns metros extras (entre 30 a 40m) entre a linha da cana e o cannonball. Assim, quando temos um ataque podemos deixar uns metros de margem para que o peixe possa engolir bem a isca. Pelo contrario, se pescamos com artificiais é mais útil pescar com pinças de rolo, nas quais a linha pode correr. Deste modo, conseguimos ter sempre um contacto directo com a amostra e notaremos através da cana se está nadando bem ou não, já que a linha só é desviada por a pinça sem que esta a segure, assim a acção da amostra segue transmitindo-se na cana. No caso de pescar com amostras é recomendado apertar bem a pinça para que o peixe, ao picar, fique logo cravado. Devemos ter em conta que desde que o peixe morde e salta da pinça até que se transmite a ferrada à cana há uns segundos em que a tensão da linha é nula e podemos perder o peixe, no caso de que não se tenha ferrado bem. Com a isca viva acontece tudo ao contrário, pois a pinça deve largar com facilidade para que o peixe não note resistência e possa engolir bem a isca.

Linhas Multifilamento ou mono?

O multifilamento é a linha que devido ás suas características se ajusta melhor a esta técnica, o seu baixo diâmetro faz com que corte melhor a água e assim a fricção com esta é menor e o contacto é muito mais directo que com um mono, evitando a formação de uma curva grande na linha, transmitindo uma maior sensibilidade a todo o momento os movimentos da isca ou amostra. Se pescarmos com artificiais e enganchamos uma alga ou algo que esteja no fundo, a ponteira da cana deverá transmitir o movimento fora do normal, assim é mais fácil detectarmos o problema e evitarmos estar a pescar com uma amostra coberta de algas e que não funciona. Também a picada transmite-se mais directamente mesmo com bastantes metros de água, tronando-se mais efectiva.

Conhecer o nosso equipamento

Agora o que nos resta é estudar exactamente as profundidades de trabalho, conhecer bem os equipamentos e as zonas que vamos pescar para começar a tentar estes belos predadores dos nossos fundos marinhos, espécies cobiçadas como poucas e que fazem dos que as conseguem, um grande pescador. Recordem que o mais importante é ter paciência, acreditar e confiança no material. Este predadores são muito caprichosos, e à jornadas que por muito bem que pesquemos, não estarão presentes ou pura e simplesmente não estão interessados nas nossas iscas, e outras trabalhando do mesmo modo obtemos boas capturas, assim é a pesca e recordemos que estamos a falar da pesca de algumas das espécies mais difíceis e imprevisíveis, como o Pargo, Corvina, Robalo e a Anchova.






















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