O que lhe pode estar a passar ao lado…

SE HÁ ASSUNTO QUE ESTÁ MAIS DO QUE BATIDO, ESSE É DA PESCA ÀS DOURADAS.
SEJA NA PESCA FUNDEADA VERTICAL, À CHUMBADINHA OU MESMO À ROLA, O TEMA PARECE ESGOTADO.
NO ENTANTO E FELIZMENTE QUE ASSIM É, HÀ SEMPRE MAIS COISAS QUE PODEMOS FAZER PARA MELHORAR, NÃO FOSSE A PESCA UM APELO À CREATIVIDADE E AO PODER DE ADAPTAÇÃO DO PESCADOR.

VARIAR AS ISCADAS
Um aspeto de particular importância é variar as iscadas. Na pesca das douradas não há dois dias iguais e no mesmo dia podemos encontrar as douradas a comerem de forma diferente.
Isto é algo que se generaliza para a pesca vertical fundeada, à chumbadinha e à rola.
No mesmo dia podem querer um caranguejo-verde inteiro, noutro dia podem querer apenas metades, em outras ocasiões querem apenas os peitos dos pilados, enfim… pode acontecer de tudo um pouco e por isso mesmo há que ir variando.
Pode parecer um pouco conversa fiada mas faz mesmo muita diferença e isso comprova-se num barco com mais pescadores, onde trocando opiniões, se consegue perceber o que está a funcionar melhor, dando obviamente o desconto pois cada um terá a sua forma de pescar e sensibilidade.
Só para se ter uma ideia, há dias em que o simples facto de o caranguejo ser ou não iscado com patas faz toda a diferença.
Nem só de caranguejo vive um pescador de douradas.
Iscos ALTERNATIVOS
Há outros iscos alternativos que podem fazer toda a diferença e até podem ser um recurso para os pescadores que não têm uma sensibilidade tão apurada para “ir ao toque” do caranguejo ou, pura e simplesmente, para se habilitarem a umas douradas XXL.
Um destes iscos é o ferrado ou bucho de polvo.
Trata-se de uma isca por excelência para peixes grandes à chumbadinha, seja aos pargos, robalos, sargos e, claro está, as douradas.
Nesta isca a regra mantém-se e se a pesca estiver mais complicada deve optar-se por um ferrado mais generoso, do tamanho de uma noz ou ligeiramente superior; já se as douradas grandes estiverem em força podemos aumentar o tamanho da isca, podendo ser um ferrado do tamanho de um punho…sim, não é exagero.
Nestes casos iscar com dois anzóis, em tandem, é uma excelente opção.
PASSAR DESPERCEBIDO…
Não se pense que por a dourada andar em fundos consideráveis no inverno, que podem ir dos 40 aos 100 metros, é menos desconfiada por isso.
Continua a ser um peixe bem manhoso e que acusa a pressão caso não tenhamos alguns cuidados, pois há outros que nos passam ao lado sem que possamos fazer nada.
Estes fatores são muitas sondas abertas e a emitirem ecos permanentemente; os peixes apercebem-se disso e em locais frequentados por muitas embarcações pode ser complicado evitar o stress dos peixes.
Muitos pescadores experientes que pescam à rola optam por desligar a sonda depois de detetado peixe no local, passando depois a guiarem-se apenas pelo GPS e tentarem passar pelos mesmos locais onde detetaram peixe inicialmente.
Isto é apenas um pequeno contributo, mas que pode ajudar a “escaldar” menos o pesqueiro.
Um grande contributo que se pode dar sobretudo a quem pesca no Algarve e costa vicentina é quando tentamos tirar os moradores da concha com um martelo.
Para o efeito recomenda-se que se use uma base de madeira, se possível com um pano por baixo.
Desta forma reduz-se o prejudicial barulho que se difundirá rapidamente na água e que deixará mais atentas as nossas queridas douradas.
DURAS, DURINHAS…
Muito se tem discutido sobre se a cana para pescar às douradas deve ser rija.
Para isso peço apenas que façam o seguinte exercício e imaginem a boca de uma dourada.
Pois, é dura, muito dura e para cravar bem o anzol é necessário que a cana seja durinha, mais ainda porque muitas vezes têm de se expor o bico do anzol que tem de atravessar a carapaça do caranguejo por não ter ficado exposto.
A acrescer a isto que só por si valida a escolha de uma cana dura, imagine o que é ter uma cana mais macia e ter que responder aqueles toques rápidos das douradas. Isto é válido quer para as canas destinadas à pesca à chumbadinha quer às canas para pesca a vertical; nestas últimas o que variará é a ponteira, que simplesmente ditará a sensibilidade e forma de vermos os toques.
O resto tem de ser potência para que o anzol se espete bem na boca muito óssea deste esparídeo.
FINO, FININHO…
Quanto às linhas é consensual que as mesmas devem ser finas, preferencialmente em multifilamento. Agora a questão é: o que é que é fino? Para mim um 0,18 pode ser grosso e para outro pescador pode ser fino.
Para baralhar mais as voltas à rapaziada, não há nos multifilamentos uma “verdade” muito grande e contrariamente aos monofilamentos e fluorocarbonos, é mais difícil aferir com muita exatidão o seu diâmetro.
O conselho vai para que seja o seu bom senso e experiências adquiridas em épocas anteriores lhe digam se nesta época deve baixar ainda mais a espessura da linha, tendo como objetivo ganhar sensibilidade e minimizar o efeito da aguagem.
A nossa sugestão vai para algo entre 0 0,10 e 0,16 mm, os quais dependerão da marca, pois há marcas em que um modelo de 0,10 é na verdade um generoso 0,16 ou mais. Por fim alertar para o facto de se conseguir optar por uma linha multicolor, algo muito útil em alguns momentos da pesca à dourada, nomeadamente quando andam levantadas do fundo.
A ETERNA QUESTÃO…
A chumbadinha continua a ser uma dor de cabeça para muitos pescadores.
Não se perceber os toques levanta sempre a questão de que se está a fazer algo mal: se a chumbada está no fundo, se a mesma está encostada ao anzol, uma série de questões que é difícil explicar à pesca quanto mais nestas linhas.
A palavra sensibilidade é a tónica dominante e perceber se o chumbo tocou no fundo é importante (pelo menos quando as douradas aí estão, pois sobem e muito), pelo simples facto de que se lá estiverem vão investir de imediato sobre a isca e não as sentimos.
Ter a noção de que quanto mais perto a oliva estiver da isca maior será a nossa sensibilidade. Se me perguntarem se o peixe desconfia do chumbo peço que façam uma análise a dois pontos:
(1) se já pescaram aos sargos à chumbadinha já devem ter apanhado sargos com o chumbo encostado ao anzol;
(2) já se deram ao trabalho de ver as vossas chumbadinhas novas ao fim de algum tempo de pesca?
É que muitas vezes até as mesmas vêm com as marcas dos dentes…por isso não vamos por aí.
IR AO TOQUE…
Se perguntarem quando se deve ir ao toque isso é também algo subjetivo, sobretudo no caso da chumbadinha, em que isso varia e muito; é uma questão de ir tentando perceber como é que elas estão a comer para ver se temos de ferrar de imediato ou dar-lhes mais tempo para comer.
Já na pesca vertical fundeada não é bem assim e, se estiver com dois estralhos, o mais certo é que se estiver à espera do terceiro toque, ele pode não vir a acontecer.
O ideal é ferrar à primeira e isso é algo que tem a ver com “a mão” de cada um, ou esperar pelo segundo toque. Aí é que não podemos falhar mesmo senão… toca a puxar para cima e iscar de novo.
Se não tiver reflexos, encare o primeiro toque como um aviso…
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Excelentes dicas para quem como eu se está a iniciar!