

Texto: José Luis Costa
Fotos: Autor e Arquivo
Texto: Paulo Patacão
Fotos: Autor e ArquivoCriámos um cenário de pesca e dois pescadores de topo estão no barco. A pesca está a ser feita aos diversos mas de repente começam a sair mais umas choupas, algumas de bom tamanho. Sendo este um dia de pesca “normal”, fora da competição pedimos a José Luís do Costa do Algarve e a Paulo Patacão de Setúbal que nos explicassem o que fariam para cada uma das situações que lhes colocamos e nos mostrassem o seu ponto de vista na pesca a este peixe. Afinal, cada pescador tem a sua forma de interpretar cada momento da pesca e pode ser que daqui tire algumas ilações que lhe sejam benéficas.
PE – Assim que visse que o que começava a sair mais eram choupas de bom tamanho, o que faria?
José Luis Costa – 1º de tudo observar o que “elas” estão a comer, com isto estou a dizer, começar a perguntar aos colegas de grupo (amigos) que estão a bordo, qual o isco?…, então começar a colaborar, afim que “elas” também colaborem connosco…, à medida que vão saindo alguns exemplares com medida legal (23cm) é muito importante; haver um diálogo entre todos a bordo…, “entre amigos não pode haver segredos”… certo???? Então??? Não tenham “vergonha” de perguntar ao amigo que está a tirar uns peixes… qual é o isco??? Que tamanho de estralhos, nº de anzol… enfim. De maneira a entender como é que “elas” estão a entrar nalgumas canas e não na nossa.
2º se começarem a entrar choupas de bom tamanho e “francas de comer”… aumentar um pouco de nº de anzol e linhas, isto para evitar algumas bogas e peixe mais miúdo que ande por ali, todos nós sabemos que a choupa grada é um peixe nobre e que não se dá por vencido muito facilmente, ainda por cima tem uma boca frágil, aconselho o uso do “tradicional chicote” para que evite dissabores, que acontecem muitas vezes, como o rompimento da boca do peixe, neste caso o das nossas “amigas” choupas!!!!!!!!!!!!!!
Paulo Patacão – Quando as choupas entram num pesqueiro o melhor é pescar com estralhos um pouco maiores, com cerca de 45cm e fio entre 0,23 e 0,26mm, deixando a pesca um pouco mais solta, sem tensão na linha, para que a iscada se apresente o melhor possível ao peixe, permitindo assim que comam mais francamente e se ferre melhor o que leva até, na maioria das vezes, a que o peixe embuche.
Obs.: a montagem que opto nesta situação de pesca será; madre 0.34mm com um estralho de um bom fluorcarbon 0.28mm de 40 a 45cm de tamanho, acompanhado de um bom anzol nº 2 a 1/0, a isca… “elas è que sabem, e escolhem…”
PE – O peixe começou a comer menos bem. O que alterava primeiro? Aquilo com que estava a iscar ou a montagem e estralhos?
JLC – Neste caso, o que acho é que “nós” temos que tentar de tudo um pouco, mas não tenham ilusões, normalmente quando o peixe deixa de comer e tem uma transição de boa “comedia” para depois fechar a boca… hummm… mal da “volta”… muitas das vezes o que acontece é que a corrente fica mais forte e a favor de dos “bordos” e ai, o pessoal do bordo contrário dificilmente consegue chegar onde estão os companheiros a pescar uns peixes invejáveis, mas a pesca é mesmo assim… Obs.: peixes invejáveis – rodadas, apostas, bocas e afins entre “amigos a bordo”… “A pesca è como Las Vegas… o que vai para lá… fica lá!!!!”
PP – Em primeiro lugar alterava a montagem passando a estralhos mais curtos entre os 35 e os 40cm para que se possa reagir melhor ao toque e ferrar o peixe, fazendo iscadas mais pequenas tentando não deixar pontas de isca penduradas.
PE – Qual a situação em que alterava a iscada?
JLC – Normalmente é precisamente a situação anterior que me leva muitas vezes a ir ao saco das canas e preparar algo mais “forte e feio”… isto porque muitas vezes o peixe deixa de comer e a razão é que algo de maior anda lá embaixo, para mim é a oportunidade de tentar um peixe maior. Obs.: as horas “mortas” e de menos actividade muitas vezes revelam-se de grandes surpresas com peixes, que muitas vezes são os das nossas vidas. Filetes inteiros de cavala, ou mesmo viva, choco, lula, sardinha… etc., são aconselhados, mas sempre em iscadas generosas.
PP – Pessoalmente alterava a isca só na situação de o peixe estar a comer mal, fazendo nessas situações iscadas mais pequenas, a cobrir só o anzol, e experimentava também outros tipos de isca até obter o sucesso desejado.
Quando a pesca se faz com choupas deste calibre vale mesmo a pena!
PE – Tendo em conta a forma de comer da choupa, qual a forma de iscada que prefere?
JLC – A choupa, quanto a mim não tem um “comer” muito especifico e não é muito esquisita a comer quando tem fome, sendo normal entrar peixes variados junto a “elas”, temos è que estar muito atentos aos variados toques na ponteira da nossa cana e saber diferencia-los, normalmente as iscadas são sempre generosas e temos que as deixar “mamar” um pouco, aliviando muitas vezes a nossa pesca e retificando a tensão da nossa linha de forma conseguir “engana-las”.
PP – Uma boa iscada tipo “chucha” ou uma iscada esfarrapada costuma funcionar bem.
PE – Prefere ir ao toque ou deixar o peixe comer? Deixa a ponteira mais folgada ou tem a linha esticada?
JLC – Acho que respondi na pergunta anterior deixo sempre que as choupas “mamem” à vontade.
PP – Num pesqueiro com muitas choupas prefiro deixar o peixe comer com a ponteira direita e com pouca tensão no fio, normalmente dá bons resultados permitindo bastantes duplas e triplas… quando há choupas. <->
PE – Tem algum truque que põe em prática sempre que a choupa está mais presente que os restantes diversos?
JLC – Truque acho que não. Temos é que tentar nos aperceber o que “elas” estão a gostar naquele momento e adaptarmos a nossa pesca da melhor forma possível, isto porque o que acontece muita das vezes é nós não sermos rápidos o suficiente enquanto… “elas estão de maré”, por variadas razões. Obs.: Depois de “elas” fecharem a boca não vale a pena as lamentações e os sesssss….. (à sempre os que têm azar, os “chorões” e os “outros”) o que conta é o que está no fim do dia na nossa geleira.
PP – Não acho que seja um truque. Geralmente opto por fazer uma boa iscada, ou como chamamos uma boa “chucha” e de preferência atada.
PE – Qual o formato e tamanho de anzol preferido para as choupas.
JLC – A minha escolha recai para os que mencionei na primeira pergunta.
PP – Para as choupas o anzol deve ser mais aberto. Prefiro os do tipo Keiryu n°2 ou um Chino n°4.