AS CORES DOS JIGS E A SUA INFLUÊNCIA NOS PREDADORES

Texto: Luis Ramos
Fotos: Autor

Vou começar este artigo de jigging com uma pequena historia que se passou comigo há alguns anos atrás, quando andava a tentar descobrir qual a côr ou combinação de cores que mais efeito surtia em todo o tipo de peixes, em toda a extensão da coluna de água. Nessa altura eu á tinha bastante conhecimento e experiencia sobre as cores por causa da técnica de spinning e de alguma de speed jigging, mesmo assim, entendi que precisava de aprofundar esse conhecimento e perceber qual era a relação das cores dos jigs com os peixes ao longo da coluna de água, com as diversas variações de côr e de luz.

Quando comecei a testar as cores nos jigs, tinha a esperança que seria apenas uma questão de tempo e empenho até conseguir encontrar as cores que atraíssem a maioria dos predadores e presas, os predadores por questões de alimentação e as presas por relação directa. Eu digo isto porque os meus anos de spinning provaram centenas de vezes que de facto uma côr ou cores especificas numa amostra, fazem toda uma diferença em certa e determinada altura face a outras.

Eu iniciei a pesquisa tendo como objectivo principal os predadores que caçavam maioritariamente ao longo da coluna de água nas horas de maior actividade. Porquê nas horas de maior actividade? Porque eram as horas mais fáceis para a obtenção de ataques, onde muitas das vezes o formato tem menos influencia, ao contrário da côr. O mesmo não se passa nas horas de menor actividade, onde o formato do jig se torna fundamental face à escolha da côr.

Comecei então por testar diversos formatos de jigs até chegar a um que fosse eficaz na maioria das situações, tanto de mar como de predadores. O intuito não estava em arranjar um formato de jig perfeito mas sim, tirar da equação precisamente o seu formato para dar lugar ao que eu procurava, a côr.

Assim que descobri o melhor formato, comecei por testar todas as cores e combinações possíveis e imaginárias, até chegar a à que mais me despertou interesse, a côr laranja. Infelizmente, nessa altura apenas tinha um jig de fábrica com uma tira laranja muito fina lateral em todo o seu comprimento e que acabei por usar como teste.

Apesar de ter alterado o formato, os resultados foram bastante positivos, sendo que o mesmo não aconteceu mantendo o formato e mudando as cores. Esta foi a primeira vez que senti que tinha descoberto alguma coisa.

Procurei em todas as marcas que fabricavam jigs pelo mundo fora e nenhuma delas tinha no seu leque de cores o laranja fluorescente como côr predominante! Achei no mínimo estranho, pois no spinning o laranja é uma das cores fortes para certas condições de água e de luz. Também era certo que pescar nos primeiros metros de água não era o mesmo que pescar a 40 ou 100 metros.

Foi nessa altura que pensei, se invés de uma linha fina laranja, tivesse um lado inteiro dessa côr para contrastar com o lado oposto de côr prata? Decidi agarrar no formato de jig escolhido e colar num dos lados (em toda a sua extensão), uma tira de colete reflector laranja forte e testar para ver quais eram as diferenças. Como na altura não encontrei spray da referida côr, fiz esta “adaptação”.

Cheguei a fazer diversos dias de testes com 2 a 3 pescadores por barco e a diferença era muita face aos outros jigs e cores. Mesmo assim, eu sentia que a combinação ainda podia ser melhor e acabei por acrescentar o factor fosforescente (Glow) ao laranja para maiores profundidades, tornando-se de facto mortal e fundamental!

Ainda me lembro dos primeiros long jigs que foram pintados por um amigo a meu a pedido, prata num dos lados e laranja fluorescente com riscas, ou pontos fosforescentes (Glow) sobre o laranja! Ou então todo laranja e com riscas glow de um dos lados.

Hoje em dia, independentemente da côr da água, luminosidade ou profundidade, este padrão e a côr laranja tornaram-se imprescindíveis para mim e para muitos pescadores (para as nossas águas), ao contrário de outras cores, como os tons azuis e verdes, que perdem o seu efeito à medida que a profundidade aumenta.

O sucesso foi de tal forma que um amigo meu lhe deu na altura o nome de SONDA, no sentido em que se o jig fosse ao fundo e viesse para cima sem sofrer um ataque é porque não havia predadores na zona. Claro que a côr era apenas um dos problemas na equação e de forma alguma a côr certa resolve todos os nossos problemas. De qualquer forma podem ver o impacto que teve na altura.

Durante todos os testes que fiz, usei sempre o mesmo setup de cana, carreto, linhas, leader, formato de jig, assists, solids e por aí adiante. Foi fundamental manter sempre o mesmo setup, permitindo durante as centenas ou milhares de horas perceber e descobrir as melhores cores para estas águas e zona costeira.

Ao contrário do que possam pensar, não cheguei a estes resultados com base na minha visão, com estudos, artigos ou tentativas de relacionar a côr com uma presa que servisse de alimentação à maioria dos predadores. Comecei sim uma pesquisa, livre de ideias pré concebidas sobre cores e a relação dos peixes com as mesmas, com o único objectivo de registar o numero máximo de contactos e de espécies para cada côr e padrão, nas mais diversas situações de mar e de luminosidade, até reduzir ao máximo o leque de cores e combinações. Como devem calcular, não foi nada fácil chegar a este ponto. Na verdade foram necessárias centenas de horas de mar para perceber e separar o que é realmente eficaz e o que é considerado puro marketing ou gosto pessoal. Eu tinha a convicção que iria descobrir, tal como aconteceu durante os meus primeiros anos de spinning; comecei com mais de 3 centenas de amostras, com as mais variadas cores e padrões, até chegar ao ponto de apenas precisar de utilizar 3 cores para o dia e 3 para a noite em cada jornada de pesca.

Ainda hoje quando me perguntam sobre as cores dos jigs eu digo o mesmo, não é uma questão de opinião pessoal, pois não se trata do que eu penso, gosto ou acredito. Não se trata de relacionar a côr com o meio ambiente mas sim, descobrir com base em factos e experiencias reais se existe alguma côr ou cores, que em acção de pesca tenham vantagem face a outras, independentemente de serem predadores ou comedía. Devemo-nos focar apenas na relação de causa e efeito.

Às vezes questionam-me se a utilização deste padrão nos jigs é o suficiente para qualquer pessoa começar a apanhar peixe, a minha resposta é não. Talvez ajude a resolver um dos problemas do jigging. Do meu ponto de vista, devem encarar o vosso estudo de côr como uma mais valia e não como uma solução milagrosa para a falta de contactos. Este estudo deve servir para determinar quais as cores e padrões que atraem a maioria dos peixes dentro das nossas zonas de pesca e com todas as variantes que ela engloba. É preciso entender que basta mudar uma variante na equação, como é o caso do tipo de fundos, oceano, Rio, comedía e tudo pode mudar.

Ora vejamos o meu caso, hoje em dia sei que a côr prata, laranja flúo, rosa flúo combinado com o (Glow) resultam muito bem nestas águas dentro de uma determinada baliza de profundidade. Se me perguntarem se existe comedía ou marisco cor de rosa flúo, a minha resposta é não, aqui não existe.

As cores visualizadas por nós, não são necessariamente as cores visualizadas pelos peixes. Como podem observar, eu estaria a cometer um erro tremendo ao usar a minha visão como guia e não a dos peixes.

Estes testes mostraram-me que na verdade, apenas se trata de estabelecer relações entre uma côr e aquilo que o predador reconhece como sendo a côr das suas presas, independentemente de ser peixe ou marisco.

Apesar de um predador se alimentar de peixes vermelhos não quer dizer que um jig de côr vermelha seja a melhor solução. Para ele, o vermelho das suas presas pode ser para nós a côr laranja, prata ou até azul. Tudo pode mudar, dependendo sempre de um filtro natural que é a água, a luminosidade existente e o tipo de fundos, sem falar na capacidade visual de cada espécie.

Por exemplo, quando os predadores atacam a comedía ao raiar do dia, por norma escolho sempre um jig com um padrão de côr prata e glow, revelando-se muito eficaz de acordo com os meus testes (apenas até ao sol ganhar alguma altura e com a água muito limpa). Se o sol subir mas a água continuar turva e escura a sua eficácia prolonga-se, mas caso a água esteja limpa e haja sol, esse padrão deixa de ser tão eficaz quanto a côr laranja ou até rosa.

Será que isto significa que as pequenas presas que se encontravam no pesqueiro deixaram de ser as mesmas ou que na realidade foi a percepção do predador face à presa que mudou, derivado ao aumento de luz solar e á refracção da mesma dentro de água? Talvez seja por esta 2ª razão, que sentimos que o predador continua atacar mas já não é com a mesma consistência que ocorria antes de mudarem as condições.

Também devemos ter em conta que não se trata apenas da mudança do meio aquático e atmosférico ao longo do dia, mas também das presas e dos predadores que mudam as suas cores e padrões consoante a sua intenção, seja de descanso, camuflagem ou predação.

Também cheguei à conclusão que o estudo de uma côr, deve ser feito de acordo com uma baliza de profundidade, pois a luminosidade, limpeza da água e o reflexo de cada côr sofrem alterações perante os peixes. O que funciona entre os 10, 30 ou 45 metros, pode ser o oposto entre os 45 e os 100 metros. Falei anteriormente sobre as côres naturais, os tons azuis ou verdes que funcionam muito bem da superfície até aos vinte metros se tivermos água limpa e incidência de luz solar sobre a água. Mas no caso de água suja e diminuição de luz solar, o resultado já não será o mesmo. Temos o caso da fosforescência ou glow como a conhecemos.

Apesar de saber a influencia deste efeito, pude constatar que de facto ela é fundamental á medida que a profundidade aumenta na coluna de água. Percebi que quanto mais baixo se pesca, menor é a sua influencia à excepção de águas escuras e turvas.

Na realidade com sol e águas limpas, a pescar a uma baixa profundidade, a propriedade glow torna-se irrelevante, perdendo o seu efeito face à luz existente. Em todo o caso eu prefiro usar sempre este efeito (glow) em todos os meus jigs, permitindo-me a utilização dos mesmos, independentemente da profundidade.

As cores visualizadas por nós, não são necessariamente as cores visualizadas pelos peixes.

Também não é por acaso que o uso de luz artificial a incidir sobre a água ou dentro dela atrai a comedía e como consequência disso os predadores. Se o uso de luz artificial não tivesse efeito sobre os peixes, não seria proibido em diversos países o uso do mesmo, especialmente de noite. O mesmo se passa na natureza, onde existem diversos predadores que usam a luz para atrair as suas presas. De qualquer forma, no decorrer dos testes pude verificar que o efeito glow, além de ter a capacidade de aglomerar a comedía, também serve para potenciar as cores e a forma do nosso jig (presa).

Verifiquei também que a partir dos 150 metros para baixo a fosforescência é fundamental, pois ajuda os predadores a identificarem mais facilmente a sua presa em plena escuridão em conjunto com o som e a vibração. Apesar de não existir luz solar, pude constatar por centenas de vezes que os predadores continuam a distinguir e a optar por certas cores face a outras. Não quero dizer com isto que apenas algumas cores funcionem, mas sim, que algumas são sem duvida mais eficazes que outras; Talvez seja o elemento glow que realça a côr em questão e eles identifiquem como sendo a côr das suas presas. Se repararem, muitos praticantes de Slow Jigging quando pescam dos 150 metros para baixo, não se preocupam muito com a côr mas sim com o formato e efeito (Glow) certo do Jig para fazer face às adversidades do momento. De facto, a maior preocupação de qualquer pescador deve ser sempre o formato do jig e só depois a côr. De acordo com os testes que fiz aos diversos formatos de jigs e com as mesmas cores, percebi que se não soubermos escolher o jig certo para aquele momento do dia, de nada vai valer a côr do jig. A escolha da côr deve ser sempre a última, pois os predadores são atraídos pelos movimentos e acções dos jigs e a côr apenas os ajuda a identificar o Jig como a presa de que se vão alimentar.

Quando o jig não tem o efeito glow, notei que a partir de uma certa profundidade o tempo de contacto aumenta, prejudicando desta forma a sua eficácia. Ao retiramos a luminosidade, retiramos um dos elementos de localização, ficando apenas dois: O som do jig a tocar no fundo e a vibração emitida face aos movimentos imprimidos pela acção da cana.

Também pude verificar ao longo do ano e através da regurgitação dos peixes, que a côr prata, laranja e rosa, com os efeitos glow tinham de certa forma uma relação directa sobre o tipo de alimentação existente na altura. Sempre que as restantes condições de mar e luminosidade coincidiam e encontrava peixe ou lulas na zona, a côr prata glow tornava-se eficaz. Quando havia a existência de peixe ou marisco como camarão, a côr laranja ou rosa glow funcionava muito bem.

Aprendi também que côr prata glow é eficaz quando estamos perante um cardume de bogas ou sardinha e a côr laranja ou rosa glow, quando estamos perante um cardume de comedía de côr avermelhada ou escura, como o cachuxo ou a grelha (carapau vermelho). Outro factor importante…sempre que as condições de água e luz sofriam alteração, os predadores deixavam de relacionar estas mesmas cores com as presas ou marisco. O Prata e Glow, que antes era visto como sendo peixe ou lula, passava a ser identificado como. Descobri que as cores naturais que podemos usar até aos 40 metros, como verdes ou azuis, perdem a sua eficácia à medida que a profundidade aumenta. Já as cores que normalmente uso dos 40 metros para baixo continuam a ser eficazes mesmo a baixa profundidade. No meu caso, constatei que o laranja e prata, são duas cores que funcionam independentemente da profundidade, sempre que as condições de água e luz sejam favoráveis.

Estes são alguns dos dados que recolhi ao longo do tempo e como podem ler, não é nada fácil chegar ao ponto de perceber certos padrões e as suas respectivas alterações, que podem mudar de hora a hora ou de um dia para o outro.

Quero também salientar a importância da escolha do jig em acção de pesca; O seu formato e a sua acção natural de acordo com a minha experiencia, sobrepõem-se à escolha da côr do jig. Através deste extenso estudo, percebi que sem o jig adequado para as condições de mar e de predadores a côr torna-se irrelevante, pois tanto o predador como as presas são atraídos pelos movimentos naturais ou impressos pela acção da cana. Com tempo, vamos reparar que nas horas de menor actividade se colocarmos um jig que não é adequado para aquelas condições ou espécie, simplesmente não vamos ter nenhum contacto ou até mesmo interação com a comedía.

Do meu ponto de vista, um dos maiores erros cometidos pelos praticantes de jigging, é a constante troca de jigs em acção de pesca quando não têm nenhum ataque ou contacto de comedía. Fazem isto como se fosse uma questão de tentar acertar na lotaria, sem primeiro entenderem as condições de mar e o que estão a tentar pescar. Esta troca de jigs e de cores sem entender o conceito, faz com que a experiencia da captura não seja baseada numa experiencia real e fundamentada. Torna-se desta forma muito difícil perceber se foi o formato do jig, côr ou a hora de actividade do predador que fez a diferença e permitiu a captura.

É por esta razão que eu aconselho escolherem um jig com um formato transversal às horas de actividade dos peixes e com pesos e balizas de cotas de profundidade especificas, mudando apenas e côr e nada mais. Desta forma eliminam-se todas as variáveis possíveis em acção de pesca, fundamentando assim o vosso conhecimento, tendo como base dados reais.

Tenham atenção aos testes no decorrer das horas de menor actividade dos predadores, pois eles têm a tendência de não se movimentarem para se alimentar, principalmente nos dias ou horas de pouca aguagem, onde o ciclo de vida marinha se mantém “adormecido”. Eu digo isto de forma a não serem induzidos em erro, tal como já me aconteceu.

Dou um exemplo, imaginem que estão a usar um jig de côr vermelha faz já duas horas, sem nenhum contacto e depois decidem mudar a côr do jig para azul e passado 10 ou até 5 minutos surge o primeiro ataque. O mais natural era pensar que o ataque se tinha dado pela mudança de côr visto que o jig era igual! Pois bem, a verdade é que pode não ser e tudo por causa de dois factores, a deriva e certas espécies predadoras!

Em primeiro lugar, é muito importante controlar a deriva do barco e o que é marcado na sonda, desde o tipo de fundo a marcas de peixe. Durante algumas horas ou momentos, os predadores não se vão deslocar derivado à falta de aguagem, seja pela mudança da maré como pela amplitude da mesma. Na verdade isso faz com que exista uma grande probabilidade de terem começado a deriva por cima de uma zona que de facto não tinha nenhuma marcação, logo a falta de contactos na côr vermelha porque simplesmente não havia nenhum predador. Mas quando trocaram a côr do jig para azul, caíram nesse preciso momento perto de algum predador e ele atacou. Por isso controlem sempre a deriva e as marcações na altura do contacto. Se marcar, eu aconselho vivamente a voltar à cor inicial e ver o que acontece.

Basta ter em mente que independentemente do que façamos, após o primeiro ataque falhado o movimento do jig deve ser imediatamente alterado.

Em segundo lugar estão as espécies, pois temos que ter em atenção que algumas delas nos podem levar ao erro, como os peixes de fundo, abróteas, congros, garoupas, corvinas e por ai fora. Perceber cada espécie na pesca é fundamental e aqui não é exceção. Vou dar um exemplo, o caso das abróteas, elas vivem em buracos e permanecem dentro ou encostadas a eles durante o dia e apenas saiem á noite para comer. Isto acontece apenas até a uma certa profundidade por causa da existência de luz solar.

Á medida que a luz solar deixa de ter impacto e o fundo se torna completamente escuro, a tendência da abrotéa é percorrer os fundos durante o dia em busca de comida, independentemente do tipo de fundo.

Passo a explicar, se capturarmos uma abrotéa em zona de luz solar, significa dizer que em certa altura durante a deriva passámos pelo buraco dela, ou seja, o problema pode não estar na côr do jig quando trocamos de vermelho para azul, mas sim na falta de peixe antes de chegarmos ao buraco da abrótea. Caso seja outra espécie como as corvinas e aconteça o mesmo, aconselho a voltarem à côr vermelha e testar, pois só desta forma vão perceber se a côr teve alguma influencia sobre o peixe.

Esta situação acontece bastante quando os pargos mais pequenos se estão a alimentar de camarão, principalmente quando a bola de camarão está concentrada num bico de pedra pela falta de aguagem ao invés de ser levada pela corrente, obrigando desta forma os pargos a movimentarem-se.

Nestes casos é fundamental cair com o jig em cima dos pargos, senão podemos incorrer em erro em relação à côr. Espero que tenham gostado de ler este artigo e que vos ajude no futuro.

O objectivo foi apenas mostrar-vos o método que utilizei e que me possibilitou chegar às 3 cores de maior sucesso para pescar nestas águas.

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