Montagens… os quês e… os porquês.

Texto: José Luis Costa
Fotos: Autor e Arquivo

Já muito foi debatido sobre as montagens na pesca embarcada. Muito se questiona sobre as montagens que os pescadores de competição usam, como são feitas, que materiais é que são usados, etc., mas parece que ainda tudo é um quebra-cabeças para muitos pescadores. Foi por isso que aqui vou tentar explicar os “quês” e os “porquês” das montagens.

Ao longo destes anos tenho vindo a constatar que são muitos os pescadores que têm muitas dúvidas de como fazer as suas próprias montagens, que materiais usar e, principalmente, em que situações as usar. Isto porque se vamos aos diversos (sargos, choupas, besugos, garoupas, etc.) usamos um determinado tipo de montagens mas se vamos tentar peixes maiores temos que usar outro tipo distinto;

Quantas vezes estamos a pescar aos diversos e eles param de comer? E de repente entra um peixe e “rebenta” tudo porque o material que estamos a usar não é o mais apropriado? É nestas situações que temos que ter sempre à mão diversos tipos de montagens e saber aplicá-las no momento certo para que não tenhamos uma desilusão.

Inicio

Como todos nós, que temos uma paixão pela pesca desportiva, seja ela de costa ou de barco sentimos de inicio muitas duvidas e questões sobre como fazer as nossas próprias montagens, de inicio não é tarefa fácil, mas com o passar dos anos comecei a fazer as minhas montagens por necessidade de fazer vários tipos de pescas e não haver no mercado montagens disponíveis como existe actualmente, mais tarde com a entrada na competição essa necessidade de produzir as minhas próprias montagens tornou-se ainda mais óbvia, pois o nível competitivo obriga a que tenhamos de reduzir bastante as espessuras das linhas e tamanhos e tipos específicos de anzóis, os materiais têm de ser escolhidos criteriosamente e de forma a nos dar garantias de qualidade e se possível, sucesso, caso contrário não temos qualquer hipótese de chegar aos lugares cimeiros na competição, no mercado não existe montagens que satisfaçam os requisitos necessários para competir por igual com nossos adversários, assim escolho e testo “aquele” tipo de anzol ou linha a aplicar nas minhas montagens. Não quero aqui fazer menção a marcas porque no mercado actualmente está em evolução permanente e quase todos os fabricantes têm material de qualidade, só é preciso é saber escolher o que mais se adapta a cada situação ou tipo de pesca.

Montagens específicas: porquê?

Ainda há quem pense que as montagens são todas iguais e não dê a verdadeira importância a um dos elementos mais determinantes no sucesso de uma pescaria ou na captura de um exemplar, um daqueles que todos nós ambicionamos, mas que muitas vezes só sentimos o primeiro arranque.
Foi a pensar desde o pescador de Competição ao de Lazer que decidi fazer este artigo sobre montagens feitas por mim; foram idealizadas para todas as situações, com o sistema de colagem obtemos a mesma força com uma menor espessura na linha principal fazendo com que as mesmas sejam o mais discretas, muitas são as vezes em que a água está transparente e temos necessidade em baixar a espessura das linhas, pois caso contrario o peixe fica desconfiado e vê a nossa linha não entrando assim na nossa iscada. Por outro lado as montagens mais pesadas são a pensar naquele troféu que todos nós ambicionamos dando garantias de que a luta com um exemplar de maior tamanho é mais equilibrada e que o peso da balança penda para o nosso lado. Assim, apresento cinco tipos diferentes de montagens com diferentes tipos de linhas e anzóis:

A “todo o terreno” – Uma das montagens que recomendo como obrigatória para ter na caixa é aquela com três anzóis. É a montagem clássica para a pesca de competição ou pesca de lazer quando está mais complicada. Na série que desenvolvi chamei-lhe “Especial Competição” pois, como o próprio nome indica, estas montagens são direccionadas para a competição e a pesca em geral; são realizadas com linhas finas em fluorocarbono de qualidade comprovada e os anzóis são também eles finos para uma ferragem eficaz e rápida. Esta montagem tem como objectivo maximizar a ação de pesca naqueles dias em que o peixe se apresenta difícil e esquisito a comer as nossas iscas e, usando o sistema de colagem dos crossbeads com micro missangas garantimos que não existam nós na linha principal da madre, que são sempre um ponto fraco originando muitas vezes uma ruptura da mesma. As madres nestas montagens variam entre o 0.24 e o 0.27mm, os estralhos entre o 0.18 e o 0.235mm e os anzóis entre o nº 1 e o nº4.

Diversos – Com base na montagem anterior surge a dedicada aos peixes apelidados de “diversos”, isto é, direccionada à captura de sargos, safias, choupas, besugos etc. Recomendo a usarem estas montagens com espessuras de linhas um pouco mais grossas, crossbeads também eles mais fortes e anzóis um pouco mais grossos, isto de maneira a que na eventualidade de um peixe maior como as bicas, parguetes e choupas grandes que entrem no pesqueiro nós tenhamos a oportunidade de realizar capturas sem que haja rotura do nosso material. Tal como eu próprio faço, recomendo que tenham duas variantes, a de três e dois anzóis com estralhos mais compridos, com mais ou menos 70cm.

No topo da lista de qualquer pescador de embarcação devem estar as montagens dedicadas aos peixes de grande porte.

Peixe grande – No topo da lista de qualquer pescador de embarcação fundeada devem estar as montagens dedicadas aos peixes grandes. Logicamente que não são montagens que usamos em competição pois ninguém ganha provas com peixe grande, mas são obrigatórias para pescar em lazer e a peixe de respeito. Nestas montagens a intenção é a captura de exemplares de maior porte tais como, pargos, saimas e douradas, montagens idealmente idealizadas para pescar com sardinha, caranguejo, camarão inteiro, filetes de cavala, etc. Com linhas e anzóis de qualidade temos assim hipótese de capturar o “tal” exemplar que muitas vezes ferra o nosso anzol mas que não dá hipótese nenhuma, partindo tudo na primeira investida. Recomendo que disponham duas versões desta montagem, com três anzóis e de dois, sendo esta ultima com estralhos mais compridos, com mais ou menos 70 a 80cm, para que a iscada trabalhe melhor na corrente e engane aquele predador mais desconfiado. Na minha linha de montagens apelidei-a de “Especial Pargos”.

Especial isca viva – Também fora do âmbito competitivo e para quem aposta de quando em vez nos exemplares XL, recomendo algumas montagens para pescar com isca viva. Estas montagens são para os verdadeiros predadores, pargos e corvinas adultos de grande porte, desconfiados e que normalmente só comem iscas vivas como o choco, lula, cavala e carapau. São feitas de modo tradicional com linhas 0,50mm e anzóis entre o 4/0 e o 6/0 montados num estralho curto de linha de aço para que aguente os dentes desses verdadeiros “monstros”, com destorcedores acoplados de alta resistência, sendo a linha da chumbada mais fina para que a mesma sirva de fusível, em caso de prisão no fundo.

Uma das montagens que acho obrigatória é a com três anzóis.
É a montagem clássica para a pesca de competição ou de lazer quando está mais complicada.

A variante “pargueira” – Muito parecida com a montagem “Especial Pargos” é talvez a montagem mais utilizada pelos pescadores que pescam ao pargo; são realizadas também de formal artesanal em vez de coladas, com estralhos mais compridos entre 1 e 1.10m; a intenção é que os estralhos trabalhem melhor na corrente fazendo com que as iscadas tenham uma apresentação mais natural. Ideal para a pesca dos pargos e das douradas. É uma variante que se pode adaptar bem a partir da “Especial Pargos” e que difere apenas no comprimento dos estralhos e dos crossbeads que neste caso são destorcedores acoplados mais fortes e resistentes.

Montagens coladas… porquê?

Como já tinha referido anteriormente, as séries competição, diversos e pargos são realizadas com o método de colagem, este método tem a vantagem de no travamento dos crossbeads não existir nós na nossa linha principal, que como todos nós sabemos são um ponto fraco originando muitas vezes ruptura sob esforço, com este sistema obtemos uma maior resistência da linha ou no caso da competição podemos obter montagens com linhas de menor espessura com a mesma resistência de linha de maior diâmetro fazendo com que as nossas montagens sejam o mais discretas possíveis, no caso das series isca viva e pargueira é utilizado o método tradicional visto ser necessário utilizar destorcedores duplos acoplados mais fortes que um simples crossbead. Todas as montagens são realizadas com linhas e materiais de qualidade comprovada e testados por mim de forma a me dar garantias e confiança quando vou pescar, seja em competição ou de lazer.

Conclusão

Espero que estas montagens sejam do agrado de todos, no meu caso têm dado bastantes alegrias com a captura de alguns exemplares bem bonitos e que deram uma luta que fica na nossa memória para o resto da nossa vida.

Até lá um bem-haja a todos os que amam este desporto que é a pesca de alto mar.


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