Texto: Ricardo Lavadeira
Fotos: Autor e Arquivo A dourada é sem dúvida um dos peixes mais “inteligentes” que podemos encontrar nas nossas águas, um predador nato, um peixe que luta até ao final. Para capturarmos esta espécie, existem várias técnicas. Hoje vou-vos falar sobre como pesco às douradas em barco fundeado e na vertical.
Fino…muito fino
Eu sou apologista de usar sempre fios mais finos, o mais que puder, para que o isco tenha a apresentação mais suave e natural possível.
Primeiramente, trato da madre; as madres que uso são normalmente efectuadas com micro missangas coladas e crossbeads. No entanto, e dada a resistência destes fios mais grossos, poderá sem qualquer problema ser usado o normal “nó de 8”. O fio que uso é o Tubertini Tatanka Neutral ou o Tatanka EVO, nas medidas entre o 0,35 e o 0,40 mm.
Na construção da madre, que leva unicamente dois crossbeads – ou seja, para pescar somente com dois anzois -, temos o cuidado de o primeiro anzol estar levantado da chumbada no mínimo 30 cm, embora na maior parte das vezes o coloque a 50 cm. Isto porquê? Porque levantando assim a pesca conseguimos “fugir” aos peixes residentes, as famosas garoupas da pedra e afins. Portanto, o primeiro crossbead ficará no mínimo a 30 cm da chumbada, ficando o segundo a pelo
menos 100 cm deste, mas se for a 120cm também não faz mal.
Com esta amplitude, significa que estaremos a pescar em duas profundidades diferentes tendo assim mais hipóteses de ter sucesso. Depois do segundo crossbead, basta deixar 10/15 cm e colocar o destorcedor para unir a madre à linha do carreto, que poderá ser um multifilamento de espessura a rondar 0,16, 0,18 mm.
Fios de empate e anzóis
Aqui sim, é o que marca mais a diferença de ter ou não sucesso.
Para esta espécie eu somente uso o fio da Tubertini ON57. Trata-se de um fluorocarbono
muito soft, ou seja, não é tão rijo como é habitual, é muito mais sedoso e absorve muito
mais as movimentações da água, tornando assim a apresentação da isca espectacular.
Eu uso linhas entre o 0,29 até ao 0,37, no entanto o 0,37 é o extremo.
Temos que estar a falar de peixe grande, a dourada requer trabalho e sendo um peixe muito desconfiado não podemos ter linhas acima do 0,37, só se elas estiverem a “comer o barco”, mas que é uma situação quase impossível. Atenção que quando falo em douradas, não estou a falar de douradas de 500 gramas, mas sim peixes sempre acima do quilograma…
A medida dos estralhos também é muito importante. Com mais corrente, estralhos maiores e vice-versa, mas nunca ter estralhos menores que 50 cm; podem ter a certeza que é fácil verem-me a pescar com estralho de 80cm a 1 metro; se as douradas estão difíceis é remédio santo…
Os anzóis que uso são sempre os mesmos, a serie 561 da Tubertini ou os Owner 20561, que são exactamente iguais, nas medidas do 17 ao 20; esta numeração é como se estivéssemos a falar de anzóis do 4/0 até ao 7/0. Estamos a falar de um anzol branco, muito potente, com um bico e barbela impressionante; onde perfura já não saí. Além de que é um anzol extremamente leve, ajudando assim na apresentação da isca que se quer o mais natural possível.
A dourada é um peixe que todos querem apanhar. No entanto, e dada a sua particular forma de comer, não é de maneira nenhuma um peixe fácil de apanhar, seja quando é de pequeno ou grande tamanho. É por isso mesmo que Ricardo Lavandeira faz algumas recomendações do alto da sua experiência na pesca vertical em barco fundeado, para que esta pesca não se transforme num “bicho-de-sete cabeças”.
Não se deixe enganar!
Sentidos Alerta…
Se a linha estiver completamente folgada isso é impossível, mas impossível também será se tivermos a pesca toda esticada, com a ponteira muito dobrada; a dourada sente essa tensão e come a medo.
Em acção de pesca na vertical, é imperativo estarmos com todos os sentidos alerta.
Quando muitas das vezes pensamos que a chumbada levanta devido à movimentação da vaga, na maior parte das vezes quando esse movimento é feito é quando elas comem sem que nós tenhamos sentido qualquer toque.
Devemos ter sempre a pesca com alguma tensão, a suficiente para que a ponteira da cana faça somente uma curvatura muito pequena, só assim poderemos sentir aqueles famosos toques de “faca e garfo”.
Atenção que geralmente, e quando estamos em cima delas, os toques se dão mal a chumbada toca no fundo; daí a atenção aos aspectos que chamei à atenção ou seja, regular logo a tensão da linha de maneira a que a ponteira fique ligeiramente curvada e sintamos os toques.
Não há duas sem três?
Este é um provérbio que, quando se pesca com dois anzóis, duas iscadas, não se verifica.
Ou seja depois de termos dois toques raramente temos o terceiro. As douradas são capazes de nos desiscar em menos de nada e esperar que las se ferrem é um erro tremendo, podendo custar um dia inteiro sem qualquer captura.
Por isso, isque você com pedaços de caranguejo ou caranguejo inteiro, assim que tiver um toque ferre, na pior das hipóteses emende a mão e vá ao segundo toque… se o tiver.