Texto: Fernando Hilário
Fotos: Autor e Arquivo
Texto: Paulo Patacão
Fotos: Autor e ArquivoFizemos uma reflexão da temporada que recentemente chegou ao fim e reunimos 10 dicas que certamente irão fazer toda a diferença nas suas futuras jornadas “douradeiras”; para isso pedimos a opinião a alguns experientes pescadores setubalenses, exímios na arte de enganar estes manhosos “poços de força”.
Antes de mais convém explicar o porquê da febre das douradas. Raras são as vezes em que se tem oportunidade de apanhar peixes com a força deste peixe, aliado ao facto de terem uma astúcia enorme na altura de comer a iscada. Estão reunidas as condições para passar um belo dia de pesca, mas quando devemos escolher a altura do ano certa para as pescar com garantias mínimas de sucesso? O inverno. É nesta altura que estes peixes se deslocam em cardume para as zonas habituais de desova para completarem mais uma fase do seu ciclo de vida. Na nossa costa existem pedras afamadas por acolherem as senhoras douradas nesta altura e, nomes como a “Vereda” são dos mais conhecidos. É sobretudo no mês de Dezembro que as coisas estão ao rubro …e há mais “Veredas”!!!
1 DOURADAS E SÓ DOURADAS
Quem decide pescar apenas douradas tem de se mentalizar para usar apenas material para elas. Desde as montagens até aos iscos, passando pelas ponteiras, tudo tem de ser escolhido para apontarmos a mira a estes peixes. Mentalize-se e pense: “Peixe-miúdo não vale”! Isto não quer dizer que não saiam douradas pequenas.
Quando é que se deve escolher a altura do ano certa para as pescar com garantias mínimas de sucesso?
Sem dúvida, o mês de Dezembro.
2 CARANGUEJ0: 0 ISCO-REI!
Não haja duvidas de que um dos melhores, senão o melhor isco para as douradas, é o caranguejo. Não vá para uma jornada sem garantir que leva ou que a bordo irá haver esta preciosidade. Outros iscos poderão resultar bem, caso da bomboca, navalha, ameijoa, etc., mas, o caranguejo pode e deve ser a principal opção. A iscada de caranguejo para douradas pequenas e medias deve ser sem a carapaça atada com fio elástico; devemos escolher as fêmeas porque nesta altura estão ovadas e a sua “caca” alaranjada serve de atractivo natural para a dourada; em dias em que as douradas estão a pegar bem é indiferente usar um ou outro, apenas nos dias mais complicados teremos de dar preferência as fêmeas. Mas se quisermos apanhar os maiores exemplares devemos iscar com caranguejo pequeno e inteiro, com casca, retirando apenas as bocas. Para esta iscada recomendo o anzol NBS Laser L777 n°3/0, serve na perfeição. FH
3 DISTINGUIR O CARANGUEJO
Como distinguir num balde cheio de caranguejo quais são os machos e quais são as fêmeas? Nada mais fácil: na parte ventral do caranguejo há uma parte da sua carapaça que parece um avental, zona essa que fica situada na sua traseira. A diferença entre machos e fêmeas está precisamente na forma desse avental ou fralda, que no macho é mais bicudo e na fêmea mais arredondado, sendo inclusive ligeiramente maior.
DIAS “MALUCOS”
Há dias realmente de loucos na pesca às douradas, em que comem que nem loucas, não sendo raras as bandeiras de duas e por vezes três douradas. No entanto, o mais habitual são os dias em que se gasta uma saca de caranguejo para se apanharem meia-dúzia de exemplares. Poder-se-ia pensar que é por falta de habilidade dos pescadores a bordo, mas já se assistiu a tripulações “forradas” de pescadores de competição “de mão-cheia” que levaram um autêntico baile de douradas que comiam “de faca e garfo”, deixando só o pedaço de caranguejo em torno do anzol ou deixando mesmo o anzol limpinho. Nestes dias, e em caso de dúvida, deve ferrar-se à mínima suspeita pois, se iscarmos com caranguejo, são as douradas a comer.
4 MONTAGENS E ATRATIVOS…
A montagem para as douradas não é mais do que uma simples montagem com dois estralhos entre os 40 e 60cm de comprimento num bom fluorocarbono, na casa dos 0,40mm. Alongar em demasia também pode ser contraproducente pois o peixe fica a comer e mais dificilmente o iremos sentir. Por vezes, em dias mais difíceis o uso de missangas verde fluorescente junto ao anzol dão bons resultados, à semelhança de montagens com chumbada a correr. Esta ultima solução nem sempre é a mais eficaz quando se pesca em “pedras fortes” responsáveis por muitas prisões. Aí não arrisque. PP
5 RAPIDEZ DE ACÇÃO!
É importante que mal a chumbada toque no fundo a pesca fique esticada e de imediato (e por imediato, entenda-se IMEDIATO) se folgue a linha, mantendo a tensão da mesma controlada. Não só se poderá sentir o peixe de imediato como também se evitarão algumas prisões da nossa pesca.
Se quisermos apanhar os maiores exemplares devemos iscar com caranguejo pequeno e inteiro.
6 TOCA A ISCAR
Se conseguir ter toques, e se forem apenas dois ou três e parar é sinal de que pode puxar e fazer novas iscadas. Elas limparam tudo … outra vez! O truque muitas vezes é tentar ferrar ao primeiro ou segundo toque, mas nem sempre é assim. Nos dias em que as douradas andam “brutas” não é assim e ferram-se quase sozinhas, mas na maior parte das vezes, comem de forma muito manhosa e que obriga a seguir certos procedimentos e agir de forma a reagir à mínima suspeita de toque, alguns dizem “ferrar à maluca”: Ter toques não detectados nesta pesca significa ter a pesca na água com os anzóis completamente desiscados, e esses nunca pescaram!
7 TENSÃO NA LINHA
A tensão na linha é um dos aspectos mais importantes, pois é a única forma de podermos sentir os toques subtis das douradas. A ponteira da cana deve estar quase direita, ou seja pouco tensa de forma podermos sentir melhor os seus toques. Logo que a chumbada toque no fundo devemos ter a cana ligeiramente acima dos 45°; quando toca no fundo fechamos a asas de cesto e esticamos a linha, baixando ligeiramente a cana, mas de maneira a que a ponteira fique quase direita (muito pouco tensa, portanto), de maneira a que seja a sua própria flexibilidade a indicar-nos o toque. É lógico que cada um deve procurar a posição que lhe for mais favorável mas olhar para a ponteira com o céu como fundo ajuda a ver os toques.
8 PONTEIRA SENSÍVEL
A cana pode ser telescópica ou de elementos mas deve ter acção de ponteira e estar equipada com uma ponteira de fibra, mais macia, pois estas são as mais sensíveis; como as douradas são manhosas a comer temos uma maior perceptibilidade ao toque. Já o carreto deve estar equipado com multifilar de diâmetro 0,18mm e uma rabeira em fluorocarbono com sete metros de comprimento em monofilamento 0,30 ou 0,35mm. Com a ponteira mais macia pode pensar-se que vamos ter mais dificuldade na ferragem e combate com peixes maiores mas isso não vai acontecer pois vai ser compensada pelo multifilamento e pela nossa rabeira curta. Pode parecer arriscado mas é preferível a ter material que não nos deixa sentir o peixe. FH
9 MAS HÁ CÁ DOURADAS?
Para os mais “verdinhos” nestas lides surge sempre esta questão. Quando se fundeia e se começa a pescar surgem as primeiras iscas roubadas e os dois anzóis limpos; surge sempre a dúvida se serão as douradas ou outros peixes.
O truque para fazer “a prova dos nove” é pegar no caranguejo (em bom da verdade é praticamente o único isco usado) com casca e patas, tirar as tenazes, iscá-lo e, se vierem os anzóis limpos podemos estar certos que os “ladrões” têm uma testa negra e amarela. Os outros peixes podem comer caranguejo aos bocados, agora, atacar o caranguejo inteiro só pode ser dourada e, eventualmente, um pargo legítimo ou uma sêmea.
10 ATENÇÃO À AGUAGEM
Quando temos aguagem a nossa pesca tende a ficar muito tensa e a ponteira mais dobrada, para se corrigir esta situação devemos deixar a linha correr dando linha de forma a manter a ponteira o mais direita possível e a linha pouco tensa.
Espero que este artigo seja do agrado de todos e que o mesmo contribua para tenham sucesso num futuro dia de pesca a estes peixes.
Gostei das dicas, agora i mais difícil é saber a onde é que elas andam.
Obrigado pelas dicas. Espero 5ª feira ter um bom dia de pesca e que algumas … caiam !