Texto: Filipe Cintra
Fotos: Autor e Arquivo
Com o custo de vida cada vez mais elevado, e com a bricolage a cada ver estar mais na moda, é natural que cada um de nós tende em casa poupar alguns euros, quer seja a 100% com intuitos de poupança quer seja porque não existem materiais “à nossa maneira” no mercado, ou até por ambos. Agora “não basta querer, é preciso também saber”.
Existem várias situações que se podem tornar demasiadamente complicadas se não lhes forem dadas a devida atenção. Desde logo na concepção do nosso material existem situações que se não tivermos o devido cuidado podem tornar-se demasiadamente complicadas.
Comecemos então por chamar à atenção para algumas situações que merecem todo o nosso cuidado.
O empate, manejamento ou até mesmo a inserção dos anzóis na nossa montagem devem ser alvo de atenção redobrada.
.1 Elaboração das nossas montagens
Muitos de nós, quando elaboramos as nossas montagens, temos o hábito de “jogar” o dente às linhas como forma de as cortar, um hábito que mais tarde ou mais cedo nos vai dar cabo da dentadura, com tanto objecto barato para o efeito no mercado, não se justifica esta opção. Outra das situações na execução das nossas montagens tem a ver com os anzóis. O seu empate, manejamento ou até mesmo a inserção na nossa montagem devem ser alvo de atenção redobrada. Anzóis cada vez mais finos e afiados são “o pão-nosso de cada dia” e é com muita facilidade que espetam no que quer que seja. Quer seja na roupa, ou pior, na nossa carne, garantimos-lhe que a sensação não é das melhores.
Depois, hoje em dia já existe muito pescador a fazer as suas montagens com pérolas coladas e todos sabemos os perigos destas colas super-poderosas. Um conselho que deixamos é, sempre que possível, veja primeiro como se faz, treine em desperdício e depois, já com alguma prática, passe então para as montagens propriamente ditas. Se vai iniciar as suas montagens coladas sem qualquer experiência neste tipo de materiais garantimos-lhe que mais minuto menos minuto tem os dedos colados ou ao fio ou ao cross-bead. Outro pormenor importante é saber o que fazer se algum azar acontecer, em hora de aflição se não sabemos o que fazer, é “pior a emenda que o soneto”.
.2 Elaboração de chumbadas
Esta é uma situação onde existe mais do que um perigo associado. Primeiramente o perigo visível e antes de se derreter chumbo, convém ler um pouco a cerca do assunto. Já por várias vezes ouvimos colegas a dizer que aconteceu-lhes isto e aquilo, e espirrou chumbo quando tocou na água, etc etc. Não vamos enumerar aqui as substâncias/materiais que podem e as que não devem entrar em contacto com o chumbo derretido, fica apenas a chamada de atenção para quem o pensa fazer, informe-se primeiro, não custa nada. Com uma simples busca na internet encontrará até vídeos exemplificativo e muito bem explícitos sobre esta situação.
Depois o pior, o perigo não visível. Na passagem do chumbo do estado sólido para o líquido, são libertados inúmeros gases imensamente tóxicos e pesados, mais uma vez leia, informe-se, vai ver que não custa nada e os nossos pulmões agradecem muito mais do que pensa. Uma mascara que proteja a boca e o nariz são indispensáveis nestas situações.
Sempre que possivel, veja primeiro como se faz, treine em desperdícios e depois, já com alguma prática, passe para as montagens propriamente ditas.
.3 Reparações
Não vou estar aqui a enumerar as mais diversas reparações que muitas vezes executamos, deixo sim um alerta para os materiais que mexemos:
Colas super fortes como as referenciadas anteriormente, num instante secam e podem deixar mãos, dedos e até olhos colados, quando for mexer nestas substâncias, para além da prática necessária anteriormente já referenciada, convém ter roupa apropriada (ou pelo menos que se possa estragar) e convém também que o local seja adequado;
Quantas vezes se usam vernizes, tintas, etc, produtos altamente tóxicos que “rebentam” literalmente com o nosso sistema respiratório, uma máscara precisa-se.
Lascas/puas de Carbono das canas são extremamente perigosas e embora muitas não se vejam, o que é certo é que dentro da nossa pele não fazem bem nenhum, podendo criar infecções de grau elevado.
Depois todo a ferramenta que muitas vezes se usa é de precisão, ou seja, brocas minúsculas, x-actos super cortantes etc etc não pedem permissão para irem aos dedos e depois já sabem o que dá.
Roupa apropriada é algo necessário para a execução das nossas tarefas, só depois de estragar-mos aquelas calças que tanto gostamos, ou aquela t-shirt que nos foi oferecida por aquele nosso amigo especial é que nos lembramos que o que estávamos a fazer necessitava de outra vestimenta.
Não queremos com este texto ensinar nada a ninguém, queremos sim alertar para alguns perigos associados ao nosso desporto. A experiência diz-nos que as coisas só acontecem a quem as faz, por isso é necessário tomar o máximo de precauções para que a probabilidade de um azar nos acontecer, seja o mais pequena possível.
No próximo número iremos abordar outros perigos, os da pesca propriamente dita, até lá.